Estes são alguns videos performaticos que mostram tal pesquisa do grupo:
Por que fazemos arte? Para atravessar as nossas fronteiras, para superar os limites, preencher o nosso vazio - realizarmo-nos. (Jerzy Grotowski)
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Tubo de Ensaios - UnB
Estes são alguns videos performaticos que mostram tal pesquisa do grupo:
Artistas e Pesquisadores
Revista Ohun, ano 4, n. 4, p.1-32 , dez 2008
Considerações de Richard Shechner
-entreter;
-fazer algo que é belo;
-marcar ou mudar a identidade;
-fazer ou estimular uma comunidade;
-curar;
-ensinar, persuadir ou convencer,
-lidar com o sagrado e o demoníaco.
Segundo ele, "qualquer comportamento, evento, ação ou coisa pode ser estudado como se fosse performance e analisado em termos de ação, comportamento, exibição."
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Perfomance no Brasil
Em 1972 são criados em São Paulo dois importantes centros culturais: o Sesc Pompeia e o Centro Cultural São Paulo. Esses espaços favoreceram diversas manifestações alternativas que não não estavam conseguindo visibilidade em outros espaços e circuitos.
Acontece então dois grandes eventos no Sesc Pompeia: as “14 Noites de Performance” e o I Festival Punk de São Paulo, sendo o festival o primeiro evento deste tipo realizado na cidade, contando com artistas de várias artes, como Ornitorrinco e Denise Stoklos do Teatro; Ivaldo Bertazzo, da dança; Ivald Granatto e Arnaldo & Go das Artes Plásticas, além de artistas da música, vídeo e grafismo.
Denise Stoklos, dramaturga, encenadora e atriz brasileira.
Novos espaços começam a surgir, como o Carbono 14, o Napalm e o Madame Satã, aonde acontecem performances, videoclips e tocam grupos de rock new-wave.
Em 1983 o Sesc Pompeia realiza o II Ciclo de Performances, enquanto no Centro Cultural é criado um espaço destinado exclusivamente a essa linguagem, o Espaço Perfomance. No mesmo ano acontece o I Festival de Video, com a participação de performers que utilizam tecnologia e video na sua criação, como Otavio Donasci.
Vídeocriaturas de O. Donasci: http://www.youtube.com/watch?v=Vu_HGf_OhEs
A performance então vira moda no eixo Rio-São Paulo, e no meio da profusão de trabalhos que surgem se incluem experiências que vão da alta criatividade à mediocridade. Em Agosto de 1984 a Funarte fecha o ciclo realizando o I Festival de Perfomances, com vários nomes importantes na cena contemporânea brasileira. Sobre o evento, polêmico por conta de seu nível, a crítica Sheila Leirner fez a seguinte crítica no jornal O Estado de São Paulo, em 1984:
não é "qualquer coisa". A ideia de que "qualquer um pode fazer arte" ou de que "qualquer coisa pode ser arte" já constitui há algum tempo um paroxismo eficaz. Hoje, quando já se experimentou tudo ou quase tudo, ela é uma ideia ultrapassada, reacionária e até ideologicamente suspeita. O público foi uma vítima... perdeu-se uma excelente oportunidade de revelar novos conceitos e provocar a reflexão de uma audiência excepcionalmente receptiva."
Daquele ano até os dias atuas a performance tem sido bastante absorvida pelas formas artísticas mais tradicionais. Ao ver de Renato Cohen, houve um esgotamento dos espetáculos espontâneos, havendo, porém, espaço para performances mais elaboradas. Um exemplo do que ele diz é a recente apresentação da artista brasiliense Nara Faria, Concerto a Céu Aberto para Solos de Aves.
Performer, ritualizador do momento presente. Nara Faria performa no campus da Universidade de Brasília.
Happening x Performance
Fritar ovos na fila do Centro Cultural ou queimar dinheiro em cena durante vários minutos não caracterizam uma performance.
OS HAPENNINGS:
O happening pode ser classificado como uma forma de fazer teatro, pois apresenta a tríade: há atuante, público e texto. Ele se associaria à ideia de um free theater, se apoiando no experimental, no anárquico, na busca de outras formas. Aqui interessa mais o processo, o rito, a interação, e menos o resultado final. Existe uma ruptura na chamada convenção teatral, pois não existe uma preocupação com a encenação, nem com a representação (o que o difere da performance). O público não sabe o que vai acontecer, o limite entre o ficcional e o real é muito tênue.
Para o compositor John Cage, os happenings eram "eventos teatrais espontâneos e sem trama", dificilmente algo era previsível. O termo foi utilizado pela primeira vez por Allan Kaprow, em 1959. Ambos foram ícones da live art, do happening e da performance.
Para Cage, arte era tudo e tudo era arte, não havendo mais distinção entre o ato artístico e o ato banal. Interessava fundir, relacionar, contagiar, em ato de síntese, todas as artes “especializadas” e “autônomas” [...] Os happenings foram, inclusive, decorrência natural desse processo: neles qualquer material - de jornais a automóveis -, qualquer espaço - de apartamentos a cidades -, podia participar da obra. (CANONGIA, 2005, p.25).
Exemplo de happening idealizado por Kaprow
Em sua tese de mestrado, o artista José Mario Peixoto Santos relata um happening produzido por Kaprow:
"Eat (1963-34) é um outro exemplo de happening produzido por Kaprow. O artista ofereceu diversos alimentos como maçãs, sanduíches, bebidas, entre outras iguarias, aos visitantes de um local decadente, escolhido pelo artista no Bronx. Com essa ação, Allan Kaprow pretendeu explorar os processos de degustação e digestão realizados pelo organismo humano, criando uma metáfora para o espaço de apresentação do happening como um organismo vivo, capaz de digerir os participantes durante o percurso pelos interiores da arquitetura artisticamente modificada."
-> Renato Cohen esclarece que o que caracteriza a passagem da performance para o happening é o aumento de preparação em detrimento do improviso e da espontaneidade, e o aumento da "esteticidade". Performances como as de Laurie Anderson ou do grupo Ping Chong são extensamente preparadas e pouco improvisadas. É claro que comparada com o teatro, a performance de fato se realiza, em geral, em lugares alternativos, com poucas apresentações e com muito maior espaço para improvisações.
Abaixo um quadro com as diferenças estruturais entre o teatro, o happening e a performance, retirado do livro "Performance como Linguagem", do próprio Cohen, na pág. 135.
TEATRO (Modelo Estético) | FREE ART (Happening e Performance) | |
Elemento | Ator | Performer |
Sustentação | Representação | Live Art |
Fio Condutor | Narrativo | Colagem / ritual |
Construção | Personagem | Idiossincrasia |
Técnicas | Lógica de Ação Hierarquização | Livre associação indeterminação Uso livre: objetos – espaço - tempo |
Ênfase | Dramaturgia Crítica social-política | Plástico, terapêutico Discurso poético |
Forma de Estruturação | Os artistas se juntam para uma peça. Cada um tem sua carreira | Artistas se juntam em grupos. Trabalho em colaboração |
Local de Apresentação | Edifícios-teatro | Museus-galerias-edifícios-teatro,etc |
Tempo de Apresentação | Temporada | Evento |
Considerações de Renato Cohen sobre Performance
Performance no Mundo
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Começando a definir
Fr.: performance; Ingl.: performance; Al.: performance; Esp.: espectáculo.
A performance ou performance art, expressão que poderia ser traduzida por “teatro das artes visuais”, surgiu nos anos sessenta mas só chega à maturidade nos anos oitenta. Não é fácil distingui-la do happening, influenciado pelas obras do compositor John CAGE, do coreógrafo Merce CUNNIGHAM, do videomaker Name JUNE PARK e do escultor Allan KAPROW.
A performance associa, sem preconceber ideias, artes visuais, teatro, dança, música, vídeo, poesia, cinema. É apresentada não em teatros, mas em museus ou galerias de arte. Trata-se de um “discurso caleidoscópio multitemático” (A. WIRTH).
Enfatiza-se a efemeridade e a falta de acabamento da produção, mais do que a obra de arte representada e acabada. O performer não tem que ser um ator desempenhando um papel, mas sucessivamente recitante, pintor, dançarino e, em razão da insistência sobre sua presença física, um autobiógrafo cênico que possui uma relação direta com os objetos e com a situação de enunciação. “A arte da performance é perpetuamente reestimulada por artistas que tem de seu trabalho uma definição híbrida, deixando, sem pudor, que suas ideias derivem na direção do teatro, de um lado; por outro, no da escultura, considerando mais vitalidade e o impacto do espetáculo do que a correção da definição teórica daquilo que estão fazendo. A performance art, a bem dizer, não quer significar nada” (Jeff NUTTAL).
· A body usa o corpo do performer para pô-lo em perigo (V. ACCONCI, Ch. BURDEN, G. PANE), expô-lo ou testar sua imagem.
· Exploração do espaço e tempo através de deslocamentos, em câmera lenta, das figuras: como em Walking in na Exaggerated Manner Around the Perimeter of a Square, de RINKE (1968).
· Apresentação autobiográfica em que o artista fala de acontecimentos reais de sua vida (L. MONTADO: Michell Death; ou Spalding GRAY: A Personal History of the American Theater, 1980)
· Cerimônia ritual e mítica, como, por exemplo: Orgias e Mistérios, de NITSCH.
· Comentário social: como o videomaker Bob ASHLEY contando as mitologias modernas e Lauri ANDERSON em United States, I e II (1979-1982), combinando poesia, violino eletrônico, filme e slides num espetáculo multimídia.
Performer
Fr.: performer; Ingl.: performer; Al.: performer; Esp.: performer.
1. Termo inglês usado às vezes para marcar a diferença em relação à palavra ator, considerada muito limitada ao intérprete do teatro falado. O performer, ao contrário, é também cantor, bailarino, mímico, em suma, tudo o que o artista, ocidental ou oriental, é capaz de realizar (to perform) num palco de espetáculo. O performer realiza sempre uma façanha (uma performance) vocal, gestual ou instrumental, por oposição à interpretação e à representação mimética do papel pelo ator.
2. Num sentido mais específico, o performer é aquele que fala e age em seu próprio nome (enquanto artista e pessoa) e como tal se dirige ao publico, ao passo que o ator representa seu personagem e finge não saber que é apenas um ator de teatro. O performer realiza uma encenação de seu próprio eu, o ator faz o papel de outro.
Bibliografia
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Pavis, PATRICE. Dicionário de Teatro. Ed. Perspectiva. 3ª Edição 2008.