sábado, 4 de setembro de 2010

Registro Performático

As seguintes fotos registram a performance realizada no Jogo de Cena - 25 anos pelo grupo de formação da Cia. de dança contemporânea brasiliense Anti Status Quo. Adaptado do espetáculo Dalí, do ano de 2000, o grupo dançou Cenas Surrealistas.











quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Tubo de Ensaios - UnB


Começou no dia 26 de julho a décima edição do projeto Tubo de Ensaios, da Universidade de Brasília (UnB). Criado por Magno Assis, a ideia é que leigos nas artes cênicas possam aprender sobre atuação em cenários diversos por meio de oficinas e performance. Assis é ex-aluno e gerente artístico e cultural da Diretoria de Esportes, Arte e Cultura (DEA) da Universidade. Ele defende que o evento favorece outros caminhos para o teatro da cidade.

Magno Assis é o idealizador do projeto Tubo de Ensaios. Foto: Carolina Magalhães


O projeto, além do caráter experimental, tem por objetivo proporcionar a interdisciplinaridade como um meio de estimular a criação e divulgação de trabalhos artísticos, produzidos pelos membros da comunidade universitária, independente das vinculações academicamente estabelecidas, bem como dos artistas brasileiros. Neste ano, os projetos que irão compor a mostra foram orientados e norteados pelo tema 'Brasílias', em comemoração aos 10 anos de existência do Tubo de Ensaios, concomitante ao ano do aniversário da cidade.
Esta edição teve uma etapa inicial composta por oficinasde multiplicação de metodologias artísticas que resultarão na etápa final em performances produzidas a partir das oficinas.


Entre as referências para experimentação estão as técnicas de Augusto Boal. A preparação é orientada por artistas de companhias de teatro e professores da Universidade, como Conrado Silva, do departamento de Música, e Luisa Gunther, do departamento de Artes Plásticas.
Um dos grupos é a Cia Andaime, que já participou do evento e agora organiza a oficina Curto-Circuito. Os alunos Paco Leal e Lidianne Carvalho paraticiparam desta oficina, colaborando com os jogos e ideias para a performance "Onde se escondem as pessoas?".




A Andaime Companhia de Teatro surgiu em julho de 2006 dentro do departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília. A busca da companhia é por um método de construção de espetáculo que visa a autonomia do ator para a criação, tendo o objetivo de pesquisar um teatro experimental ligado a improvisação e a construção de uma dramaturgia própria.

Estes são alguns videos performaticos que mostram tal pesquisa do grupo:









O resultado do estudo do Tubo de Ensaios pode ser visto nos dias 21 e 22 de agosto na Ala Sul do Instituto Central de Ciências (ICC-Sul), do Campus Darcy Ribeiro.

Artistas e Pesquisadores


Do vasto grupo de pensadores e artistas que adotaram esse gênero como expressão, selecionamos alguns representantes para ilustrar nossa pesquisa. Artistas que em diversos momentos e lugares tem realizado ações e performances com caractrísticas diversas: narcisística e autobiográficas, intrigantes, ritualísticas, militares, escatológicas, de puro entretenimento, entre outras. Performers em produção voltados para a exploração dos limites do corpo físico, psicológico e social ao lado daqueles que já estreitaram as fronteiras ente a arte e a vida a tal ponto em que o ato de respirar é uma ação performática e espetácular.

Figura 1. Marcel Duchamp como
Rrose Sélavy. 1920.
Foto: Man Ray. Fonte: MINK (2000).

Figura 2. Yves Klein.
Antropometriesl.1960.
Fonte: WEITEMEIER (2001).

Figura 3. WalkaroundTime.
Primeira representação de
Merce Cunningham com
cenografia de Jasper Johns e
participação de Marcel Duchamp. 1968
Foto: Oscar Bailay.
Fonte: MINK (2000).


Outros artistas representativos da arte da performance ao redor do mundo são Chris Burden, Dennis Oppenheim, Hermann Nitsch, Günter Brus, Otto Mühl, Rudolf Schwarzkogler, Robert Rauschenberg; Stelarc, Matthew Barney, entre tantos que elegeram o corpo como objeto de suas respectivas investigações artísticas.

Figura 4. Murakami Saburo. Passage. 1955.



Figura 5. Wolf Vostell. Electronic
Dé-coll/age. Happening Room. 1968.
Foto: R. Friedrich.

Figura 6. Joseph Beuys. How to
explain pictures to a dead hare. 1965.



Figura 7. Gilbert & George. The sing sculpture.
1969.

No universo feminino, conhecemos a significativa trajetória da artista Marina Abramovic. Nascida em Belgrado, em 1946, é a grandmother da performance art – assim ela se autodenomina. Ao lado de seu companheiro Ulay, Abramovic tornou a performance um experimento constante, um espaço de investigação dos limites e das possibilidades do corpo. Performances como “Rhythm”, série da década de 1970, são exemplos de ações em que a artista testou os limites do corpo em várias situações, resistindo à dor e ao sofrimento físico/psicológico. Ainda sobre performances realizadas por mulheres, poderíamos citar as produções de Rebecca Horn; Gina Pane; Yoko Ono; Ann Hamilton; Tânia Bruguera; Laurie Anderson; Coco Fusco; Angelika Festa; Valie Export; Mariko Mori; Guerilla Girls; entre outras.

Figura 8. Marina Abramovic.
How to explain pictures to a dead hare. 2005.
Performance de Joseph Beuys.



Figura 9. Orlan. Le baiser de l’artiste.
1977.

Figura 10. Carolee Scheneemann.
Interior scroll. 1975.


Figura 11. Ana Mendieta. Tree of life
Década de 1970.

Enquanto os precursores do gênero performance colhem os frutos de suas apresentações pretéritas, divulgando e comercializando os registros dessas produções, realizando novas mostras no circuito de galerias e museus (Marina Abramovic, Gilbert & George, Orlan, Chris Burden, entre outros), novas gerações de artistas, teóricos e interessados na linguagem da performance continuam a surgir.


Figura 12. Lygia Clark. Nostalgia do Corpo -
Objetos relacionais. 1965-88.


Figura 13. Márcia X. Pancake. 2001.



Figura 14. Márcia X. Desenhando com terços.
2000-2003.
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Revista Ohun, ano 4, n. 4, p.1-32 , dez 2008


Considerações de Richard Shechner

Richard Shechner (2003) - um dos pesquisadores e professores do departamento de Performance Studies, da New York University, associação filiada aos estudos da arte da performance, apresenta oito tipos de situações em que essa linguagem artística ocorre:

1: A vida Diária

2: Nas artes.

3: Nos entreterimentos Populares


4: No trabalho


5: Na tecnologia


6: No sexo


7: Nos rituais


8: Nas Brincadeiras


Schechner atribuiu sete funções a essas manifestações:

-entreter;
-fazer algo que é belo;
-marcar ou mudar a identidade;
-fazer ou estimular uma comunidade;
-curar;
-ensinar, persuadir ou convencer,
-lidar com o sagrado e o demoníaco.

Segundo ele, "qualquer comportamento, evento, ação ou coisa pode ser estudado como se fosse performance e analisado em termos de ação, comportamento, exibição."



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Revista Ohun, ano 4, nº 4, p. 1-32, dez 2003.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Perfomance no Brasil

Em 1972 são criados em São Paulo dois importantes centros culturais: o Sesc Pompeia e o Centro Cultural São Paulo. Esses espaços favoreceram diversas manifestações alternativas que não não estavam conseguindo visibilidade em outros espaços e circuitos.

Acontece então dois grandes eventos no Sesc Pompeia: as “14 Noites de Performance” e o I Festival Punk de São Paulo, sendo o festival o primeiro evento deste tipo realizado na cidade, contando com artistas de várias artes, como Ornitorrinco e Denise Stoklos do Teatro; Ivaldo Bertazzo, da dança; Ivald Granatto e Arnaldo & Go das Artes Plásticas, além de artistas da música, vídeo e grafismo.

Denise Stoklos, dramaturga, encenadora e atriz brasileira.

Novos espaços começam a surgir, como o Carbono 14, o Napalm e o Madame Satã, aonde acontecem performances, videoclips e tocam grupos de rock new-wave.

Em 1983 o Sesc Pompeia realiza o II Ciclo de Performances, enquanto no Centro Cultural é criado um espaço destinado exclusivamente a essa linguagem, o Espaço Perfomance. No mesmo ano acontece o I Festival de Video, com a participação de performers que utilizam tecnologia e video na sua criação, como Otavio Donasci.

Vídeocriaturas de O. Donasci: http://www.youtube.com/watch?v=Vu_HGf_OhEs

A performance então vira moda no eixo Rio-São Paulo, e no meio da profusão de trabalhos que surgem se incluem experiências que vão da alta criatividade à mediocridade. Em Agosto de 1984 a Funarte fecha o ciclo realizando o I Festival de Perfomances, com vários nomes importantes na cena contemporânea brasileira. Sobre o evento, polêmico por conta de seu nível, a crítica Sheila Leirner fez a seguinte crítica no jornal O Estado de São Paulo, em 1984:

não é "qualquer coisa". A ideia de que "qualquer um pode fazer arte" ou de que "qualquer coisa pode ser arte" já constitui há algum tempo um paroxismo eficaz. Hoje, quando já se experimentou tudo ou quase tudo, ela é uma ideia ultrapassada, reacionária e até ideologicamente suspeita. O público foi uma vítima... perdeu-se uma excelente oportunidade de revelar novos conceitos e provocar a reflexão de uma audiência excepcionalmente receptiva."

Daquele ano até os dias atuas a performance tem sido bastante absorvida pelas formas artísticas mais tradicionais. Ao ver de Renato Cohen, houve um esgotamento dos espetáculos espontâneos, havendo, porém, espaço para performances mais elaboradas. Um exemplo do que ele diz é a recente apresentação da artista brasiliense Nara Faria, Concerto a Céu Aberto para Solos de Aves.


Performer, ritualizador do momento presente. Nara Faria performa no campus da Universidade de Brasília.


Happening x Performance

É muito comum confundir performance com outras manifestações artísticas. É claro que na sua própria essência ela se caracteriza por ser uma expressão anárquica, que visa escapar de limites discliplinantes. Contudo não se pode confundi-la com a intervenção, por exemplo, ou chamar qualquer coisa de performance.

É difícil descrever uma performance porque ela provoca no espectador uma recepção mais cognitivo-sensória do que racional. Qualquer descrição fica distante da sensação de assisti-la, e as pessoas geralmente reportam apenas os fatos acontecidos. Mas na performance interessa mais o como, e não o quê.


Fritar ovos na fila do Centro Cultural ou queimar dinheiro em cena durante vários minutos não caracterizam uma performance.


OS HAPENNINGS:

O happening pode ser classificado como uma forma de fazer teatro, pois apresenta a tríade: há atuante, público e texto. Ele se associaria à ideia de um free theater, se apoiando no experimental, no anárquico, na busca de outras formas. Aqui interessa mais o processo, o rito, a interação, e menos o resultado final. Existe uma ruptura na chamada convenção teatral, pois não existe uma preocupação com a encenação, nem com a representação (o que o difere da performance). O público não sabe o que vai acontecer, o limite entre o ficcional e o real é muito tênue.

Para o compositor John Cage, os happenings eram "eventos teatrais espontâneos e sem trama", dificilmente algo era previsível. O termo foi utilizado pela primeira vez por Allan Kaprow, em 1959. Ambos foram ícones da live art, do happening e da performance.

Para Cage, arte era tudo e tudo era arte, não havendo mais distinção entre o ato artístico e o ato banal. Interessava fundir, relacionar, contagiar, em ato de síntese, todas as artes “especializadas” e “autônomas” [...] Os happenings foram, inclusive, decorrência natural desse processo: neles qualquer material - de jornais a automóveis -, qualquer espaço - de apartamentos a cidades -, podia participar da obra. (CANONGIA, 2005, p.25).


Exemplo de happening idealizado por Kaprow


Em sua tese de mestrado, o artista José Mario Peixoto Santos relata um happening produzido por Kaprow:

"Eat (1963-34) é um outro exemplo de happening produzido por Kaprow. O artista ofereceu diversos alimentos como maçãs, sanduíches, bebidas, entre outras iguarias, aos visitantes de um local decadente, escolhido pelo artista no Bronx. Com essa ação, Allan Kaprow pretendeu explorar os processos de degustação e digestão realizados pelo organismo humano, criando uma metáfora para o espaço de apresentação do happening como um organismo vivo, capaz de digerir os participantes durante o percurso pelos interiores da arquitetura artisticamente modificada."

-> Renato Cohen esclarece que o que caracteriza a passagem da performance para o happening é o aumento de preparação em detrimento do improviso e da espontaneidade, e o aumento da "esteticidade". Performances como as de Laurie Anderson ou do grupo Ping Chong são extensamente preparadas e pouco improvisadas. É claro que comparada com o teatro, a performance de fato se realiza, em geral, em lugares alternativos, com poucas apresentações e com muito maior espaço para improvisações.

Abaixo um quadro com as diferenças estruturais entre o teatro, o happening e a performance, retirado do livro "Performance como Linguagem", do próprio Cohen, na pág. 135.



TEATRO (Modelo Estético)

FREE ART (Happening e Performance)

Elemento

Ator

Performer

Sustentação

Representação

Live Art

Fio Condutor


Narrativo

Colagem / ritual

Construção

Personagem

Idiossincrasia

Técnicas

Lógica de Ação

Hierarquização

Livre associação

indeterminação

Uso livre: objetos – espaço - tempo

Ênfase

Dramaturgia

Crítica social-política

Plástico, terapêutico

Discurso poético

Forma de Estruturação

Os artistas se juntam para uma peça. Cada um tem sua carreira

Artistas se juntam em grupos. Trabalho em colaboração

Local de Apresentação

Edifícios-teatro

Museus-galerias-edifícios-teatro,etc

Tempo de Apresentação

Temporada

Evento

Considerações de Renato Cohen sobre Performance

"É importante enfatizar o papel de radicalidade que a performance, como expressão, herda de seus movimentos predecessores: a performance é basicamente uma linguagem de experimentação, sem compromissos com a mídia, nem com uma expectativa de público e nem como uma ideologia engajada. Ideologicamente falando, existe uma identificação com o anarquismo que resgata a liberdade na criação, esta a força matriz da arte." (pág. 45)



Integrante do grupo, Paco Leal, performa "Cena Surrealista".

"A performance é basicamente uma arte de intervenção, modificadora, que visa causar uma transformação no receptor. A performance não é, na sua essência, uma arte de fruição, nem uma arte que se proponha a ser estética." (pág. 46)

"A performance está ideologicamente ligada à não-arte, proposta por Kaprow, na medida que, como nesta, vai contra o profissionalismo e a intencionalidade na arte: o que diferencia o praticante da não-arte, que ele vai chamar de a-artista, do artista praticante da arte-arte, é a intencionalidade. O a-artista não se coloca como um profissional." (pág. 46)




A experimentação da dor também pode fazer parte da performance, que tem a duração daquele exato instante, naquele exato espaço. É o "aqui-agora".

"A performance está ontologicamente ligada a um movimento maior, uma maneira de se encarar a arte - a live art. A live arte é a arte ao vivo e também a arte viva. É uma forma de se ver arte em que se procura uma aproximação direta com a vida, em que se estimula o espontâneo, o natural, em detrimento do elaborado, do ensaiado." (pág. 38)

Performance no Mundo

- Década de 1910: O Movimento Futurista, na Itália, marca o início de atividades e ideias organizadas. Marinetti lança o Manifesto Futurista. Pintores, poetas, músicos e artistas das mais diversas artes se engajam no movimento, que repercurte em toda a Europa.



Manifesto do Movimento Surrealista, lançado por Marinetti.

- 1916: Abertura do Cabaret Voltaire em Zurique. Germinação do Movimento Dadá, experimentação total, do expressionismo ao rito, do guinol ao macabro.

- 1917: Estreia de Parade de Jean Cocteau e Le Mamelles de Tirésias de Apollinaire, em Paris, que revolucionam o conceito de dança e de encenação. As duas peças causam espanto no público.

- Década de 1920: Os dois espetáculos e o lançamento da revista Littérature criam as bases para o surgimento do Movimento Surrealista. Em termos cênicos, o ingrediente do surrealismo é provocar a plateia, atacando o realismo no teatro. Inovações como mostrar uma multidão em uma só pessoa ou apresentar peças sem texto são testadas.

- A Bauhaus alemã também desenvolve experiências cênicas, integrando arte e tecnologia. É a primeira insituição de arte que organiza workshops de performances.


Ballet Triádico

Ballet Triádico (1922), espetáculo de Oskar Schlemmer, diretor da sessão de artes da Bauhaus.

- 1933: Advento do Nazismo. Encerra-se o capítulo europeu de performances. O eixo principal se desloca para a América.

- 1936: Fundação da Black Mountain College, na Carolina do Norte, EUA. O objetivo da instituição é o de desenvolver a experimentação nas artes e de incorporar a experiência dos europeus.

- John Cage e Merce Cunninghan, dois artista exponenciais na arte da performance, emergem da Black Mountain.



Merce Cunninghan, Antic Meet, 1958. O artista propõe uma dança fora de compasso e não coreografante, abrindo passos importantes para a dança moderna.

- 1959: Os espetáculos recebem o nome de happening (manifestações que incluem várias mídias, como artes plásticas, teatro, art-colagge, música, dança etc). Allan Kaprow realiza na Reuben Gallery, em Nova York, o 18 Happening in 6 Parts, dando o pontapé a um novo conceito de encenação que será propagado pela década seguinte.

- Década de 1960: Florescimento da contracultura e do movimento hippie. Produção maciça que usa a experimentação cênica como forma de se atingir as propostas humanistas da época. Claes Oldemburg usa pela primeira vez o termo performance.

- Décadas de 70 e 80: das artes plásticas surge o action painting. Jackson Pollock lança a ideia de que o artista deve ser o sujeito e o objeto de sua obra.

action painting

Jackson Pollock em action painting.

- Surge a Body Art, na qual se sistematizam a nova significação corporal e a interrelação com o espaço e a plateia propostas por Pollock. O ponto de vista plástico traz uma série de inovações à cena, como o não-uso de temas dramatúrgicos e o não uso da palavra impostada.

- Parte-se para experiências mais sofisticadas e conceituais que incorporam tecnologia e incrementam o resultado estético. Início do que os americanos chamam de performing art.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Começando a definir

Performance:
Fr.: performance; Ingl.: performance; Al.: performance; Esp.: espectáculo.

A performance ou performance art, expressão que poderia ser traduzida por “teatro das artes visuais”, surgiu nos anos sessenta mas só chega à maturidade nos anos oitenta. Não é fácil distingui-la do happening, influenciado pelas obras do compositor John CAGE, do coreógrafo Merce CUNNIGHAM, do videomaker Name JUNE PARK e do escultor Allan KAPROW.
A performance associa, sem preconceber ideias, artes visuais, teatro, dança, música, vídeo, poesia, cinema. É apresentada não em teatros, mas em museus ou galerias de arte. Trata-se de um “discurso caleidoscópio multitemático” (A. WIRTH).
Enfatiza-se a efemeridade e a falta de acabamento da produção, mais do que a obra de arte representada e acabada. O performer não tem que ser um ator desempenhando um papel, mas sucessivamente recitante, pintor, dançarino e, em razão da insistência sobre sua presença física, um autobiógrafo cênico que possui uma relação direta com os objetos e com a situação de enunciação. “A arte da performance é perpetuamente reestimulada por artistas que tem de seu trabalho uma definição híbrida, deixando, sem pudor, que suas ideias derivem na direção do teatro, de um lado; por outro, no da escultura, considerando mais vitalidade e o impacto do espetáculo do que a correção da definição teórica daquilo que estão fazendo. A performance art, a bem dizer, não quer significar nada” (Jeff NUTTAL).
Andrea NOURYEH, em artigo inédito, distingue cinco tendências da performance:
· A body usa o corpo do performer para pô-lo em perigo (V. ACCONCI, Ch. BURDEN, G. PANE), expô-lo ou testar sua imagem.
· Exploração do espaço e tempo através de deslocamentos, em câmera lenta, das figuras: como em Walking in na Exaggerated Manner Around the Perimeter of a Square, de RINKE (1968).
· Apresentação autobiográfica em que o artista fala de acontecimentos reais de sua vida (L. MONTADO: Michell Death; ou Spalding GRAY: A Personal History of the American Theater, 1980)
· Cerimônia ritual e mítica, como, por exemplo: Orgias e Mistérios, de NITSCH.
· Comentário social: como o videomaker Bob ASHLEY contando as mitologias modernas e Lauri ANDERSON em United States, I e II (1979-1982), combinando poesia, violino eletrônico, filme e slides num espetáculo multimídia.

Performer
Fr.: performer; Ingl.: performer; Al.: performer; Esp.: performer.

1. Termo inglês usado às vezes para marcar a diferença em relação à palavra ator, considerada muito limitada ao intérprete do teatro falado. O performer, ao contrário, é também cantor, bailarino, mímico, em suma, tudo o que o artista, ocidental ou oriental, é capaz de realizar (to perform) num palco de espetáculo. O performer realiza sempre uma façanha (uma performance) vocal, gestual ou instrumental, por oposição à interpretação e à representação mimética do papel pelo ator.
2. Num sentido mais específico, o performer é aquele que fala e age em seu próprio nome (enquanto artista e pessoa) e como tal se dirige ao publico, ao passo que o ator representa seu personagem e finge não saber que é apenas um ator de teatro. O performer realiza uma encenação de seu próprio eu, o ator faz o papel de outro.



Bibliografia
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Pavis, PATRICE. Dicionário de Teatro. Ed. Perspectiva. 3ª Edição 2008.